A arca da aliança: O mais procurado de todos os itens

The History Channel exibiu ontem o documentário Em busca da verdade, apresentado pelo arqueólogo Josh Bernstein. O tema chamava a atenção: uma busca à Arca que simbolizava a aliança entre o povo hebreu e seu Deus. Como era esperado, o arqueólogo não encontrou a verdadeira Arca. No entanto, foi possível assimilar sobre o verdadeiro motivo de seu desaparecimento, conforme veremos mais à frente.



A arca e a sua história.
Arca da Aliança (ou do Concerto) é de longe o artefato mais importante da história do povo de Israel. Para entender sua importância basta lembrar que, na época, entre todos os povos da Terra, o de Israel era o povo santo e separado por Deus. O próprio IHWH (Javé) disse: "E me farão um santuário, e habitarei no meio deles" (Êxodo 25:8).



Tal santuário, um tabernáculo, era o lugar mais santo que se poderia encontrar. Por sua vez, ele era dividido entre um compartimento Santo e um Santíssimo, ou Santo dos Santos, onde somente o sumo-sacerdote, o mais consagrado (literalmente) entre os levitas, poderia entrar uma vez ao ano para a cerimônia de expiação.



Havia dentro do tabernáculo vários móveis e artefatos simbólicos, mas somente um no Santo dos Santos: a Arca que representava a aliança entre Deus e os homens. Era feita de madeira de acácia e coberta com ouro puro. Dentro dela estavam as tábuas de pedra dos dez mandamentos, o cajado de Arão e maná, o alimento providencial. Sobre a tampa ficavam dois querubins de ouro envolvendo o local onde, por vezes, manifestava-se a Shekinah, a luz da presença de Deus.



Após o estabelecimento do povo da terra prometida, a arca foi levada para Siló, onde ficou guardada em um tabernáculo permanente. Foi capturada pelos Filisteus após o período dos juízes e levada para Asdode, sendo enviada mais tarde a Ecrom e novamente a Israel. Lá, ficou sob cuidados do sacerdote Eleazar por 20 anos em Quireate-Jearim.



Davi, durante seu reinado, ordenou a construção de um templo, que somente foi terminado por seu filho Salomão. A arca foi depositada nesse templo e permaneceu até o ano de 587 a.C. quando Nabucodonosor invadiu o reino de Judá, desaparecendo misteriosamente.



As buscas


Há muitas versões para o que teria acontecido com a Arca. Algumas delas:



- No século VIII a.C. o rei Ezequias ordenou a construção de uma rede de túneis de abastecimento de água sob Jerusalém. Os túneis levavam água da fonte de Guijón ao tanque de Siloé. Algumas tradições judaicas afirmam que a Arca teria sido escondida dentro desses túneis momentos antes da invasão babilônica. Não há evidências que possam comprovar isso.



- A segunda versão diz que os babilônios teriam levado a arca para a sede de seu império, onde hoje está o Iraque. No entanto, outros objetos que também pertenciam a templo foram levados para a capital do Império e devolvidos anos mais tarde. A arca não estava entre eles.


- Uma outra tradição, narrada pelo Kebra Negast, livro sagrado etíope, diz que a rainha de Sabá teria engravidado do rei Salomão em sua visita a Judá. O filho, Menelik I, recebera então por herança alguns objetos, entre eles a arca, levada para a ilha de Tana Cherqos, hoje considerada sagrada pelos etíopes e onde encontram-se artefatos arqueológicos relacionados com Israel e com o cristianismo primitivo. O Kebra Negast diz ainda que a arca foi finalmente levada a Axum, suposta cidade natal da rainha de Sabá. De acordo com a Igreja Ortodoxa da Etiópia, a arca está guardada em uma pequena capela ao lado da Igreja de Santa Maria de Ziom. Somente o guardião do local tem acesso à suposta à pequena sala coberta com 7 cortinas.

- A última versão é narrada no livro apócrifo de II Macabeus, que afirma que a arca foi levada a uma caverna do monte Nebo, a mando do profeta Jeremias. Infelizmente o livro de II Macabeus não é tão confiável historicamente quanto primeiro. Entretanto, a hipótese não deve ser descartada.

Motivos para o desaparecimento?
Não é possível concluir com segurança acerca do local onde a Arca está escondida. Mas podemos, quem sabe, imaginar os motivos que nos impedem de encontrá-la. Há um fato comum nas igrejas da Etiópia. Todas elas possuem uma réplica da arca. Réplicas que se tornaram objeto de adoração. Há inclusive determinados dias do ano, principalmente na época das chuvas, em que os cristãos ortodoxos etíopes rogam à arca. Isso mesmo, pedem à própria arca proteção e abundância de chuvas.
Tudo isso nos faz lembrar do episódio da morte de Moisés como narrado por Ellen G. White:

"Não era da vontade de Deus que alguém subisse com Moisés ao cume de Pisga. Ali estava ele na presença de Deus e de anjos celestiais. Depois de, para sua satisfação, ter visto Canaã, deitou-se, qual um guerreiro fatigado, para descansar. O sono veio sobre ele, mas foi o sono da morte. Anjos tomaram seu corpo e o sepultaram no vale. Os israelitas jamais encontraram o lugar onde foi sepultado. Seu enterro foi secreto para evitar que o povo pecasse contra o Senhor idolatrando o seu corpo." (História da redenção, p. 173)

Foi preciso que Deus escondesse o corpo de Moisés, até ressuscitá-lo, para que não fosse idolatrado pelo povo de Israel. Imaginando, hoje, que a verdadeira arca fosse encontrada e divulgada por todo o mundo, certamente milhões de pessoas iriam até ela e, como os etíopes, a transformariam em objeto de idolatria. O achado da arca seria algo fantástico para a arqueologia bíblica. Quem sabe o maior deles. Porém, algumas vezes parece-nos melhor que ela permaneça escondida.

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