Segundo um levantamento do ministério, realizado em parceria com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), o Cerrado brasileiro já perdeu quase metade (48,2%) de sua cobertura florestal original. Entre os anos de 2002 e 2008, desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve um crescimento de 6,3% de desmatamento do bioma do Cerrado.
O estudo aponta que houve uma taxa anual média de desmatamento de 21.260 quilômetros quadrados do bioma nestes seis anos. O número é mais que o dobro do previsto de desmatamento amazônico para 2009 – que, segundo o ministro Minc, deve ser "muito menor que 10 mil quilômetros quadrados".
"Hoje em dia, está se desmatando por ano, o dobro do que se está desmatando na Amazônia. Em grosso modo, se desmatava por ano, algo em torno de 20 mil quilômetros quadrados tanto na Amazônia como no Cerrado. Hoje, o índice da Amazônia caiu para um patamar de 10 mil, metade do número de dez anos atrás, [que eram registrados da Amazônia]. O Cerrado, porém, manteve-se no nível de 20 mil", afirmou.
Programa de combate
Ao divulgar esses números, Minc também lançou um programa de combate ao desmatamento do Cerrado. A ideia do ministro é que todos os biomas nacionais recebam o mesmo cuidado e atenção em programas de conservação que a Floresta Amazônica e evitar que haja "um samba de uma nota só".
"O foco do Brasil e do mundo até hoje estava muito concentrado na questão da Amazônia. Relevou-se a questão dos outros biomas. É claro, a Amazônia é absolutamente fundamental. Porém, desde que eu cheguei ao ministério, nós falamos que não teríamos um samba de uma nota só. (...) O Cerrado entrou no foco. Agora, Cerrado e Amazônia terão o mesmo combate", afirmou o ministro.
O plano de ação pretende, basicamente, aumentar o controle e monitoramento de fiscalização e promover atividades econômicas sustentáveis nas regiões. "Teremos que usar atividades econômicas e tecnologia para promover a agropecuária e evitar a destruição".
O ministro prevê, porém, uma batalha dura na defesa da preservação do bioma, tendo em vista que são áreas de atividade econômica mais forte do que na região amazônica. "Vocês vão ver amanhã. O pessoal já vai reclamar que foi cometido um atentado contra a agricultura brasileira. (...) Podem ter certeza que o combate ao desmatamento no Cerrado será muito mais duro do que da Amazônia, que não é mole não. A guerra - em matéria econômica, política e parlamentar - será muito mais difícil", disse.
Fatores do desmatamento
Os principais fatores de desmatamento, segundo o monitoramento do ministério, são: a produção de soja, no Mato Grosso, no norte do Tocantins e no sul dos estados do Maranhão e do Piauí; a produção de cana-de-açúcar, no Triângulo Mineiro e no estado de São Paulo; a atividade de pecuária, no Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul; a atividade de extração de carvão vegetal, em Minas Gerais, no oeste da Bahia e no Goiás; além das queimadas e incêndios florestais em todos os estados.
O plano de conservação do Cerrado estará disponível nesta quinta-feira na internet até o dia 12 de outubro, no site do ministério, para receber sugestões e criticas de qualquer cidadão. "Hoje, o programa vai para consulta pública. Vai entrar hoje no site do ministério e está aberto para audiência publica. Mesmo que o plano de ação demore dois meses para entrar em ação, as operações especiais começam amanhã", avisou.
"Desmatadores"
Os Estados que mais desmataram em extensão foram Maranhão, Minas Gerais e Mato Grosso, nos quais mais de 20 mil quilômetros quadrados de cobertura florestal de cerrado foram destruídos nestes seis anos.
O levantamento aponta ainda que 60 municípios são responsáveis por um terço do desmatamento do bioma entre os anos de 2002 e 2008. Quatro municípios oeste do Estado da Bahia lideram o ranking de cidades que mais desmatam: Formosa do Rio Preto, São Desidério, Jaborandi, Correntina.
"Pode-se observar que os desmatamentos são mais pulverizados do que o desmatamento na Amazônia, que é bastante concentrado. Por isso, você tem uma lista muito maior de municípios que mais desmatam do que na Amazônia. Sessenta municípios são responsáveis por um terço do desmatamento", disse Maria Cecília, Waiss, secretária de Biodiversidade e Florestas.
O ministro ressaltou ainda a importância da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 115/95, que torna patrimônios nacionais o Cerrado e a Caatinga. "Já faz 14 anos que essa PEC está tramitando. É importantíssimo que estendamos o monitoramento do desmatamento também a outros biomas, como a Caatinga, o Pantanal e o Pampa", afirmou o ministro.
Fonte: Radio Novo Tempo
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